Desboto palavras em linhas direitas
Com os meus dedos de tintas tortas
Ilegíveis de uma inquieta sombra
Que vaga numa repugnante noite
Esventra uma alma entre as fragas
Um pobre surdo coração pela fria serra
Abandona o sangue que escorre nas pedras
Líquidos esquecidos pelas avalanches
Que a vida tantas vezes dá
Nos gritos suspensos guardados na memória
De um amor lido soterrado no peito
Num desbotar de tantas linhas numa pagina em sentimento
Por entre os livros escritos num crepúsculo luar
Palavras desbotadas lidas na escuridão de uma alma.